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1984: Uma Análise Sobre a Liberdade.

    Supressão da liberdade individual, excesso de controle e vigilância, são temáticas trazidas por George Orwell no seu romance distópico (1984). Somos apresentados a Winston Smith, que vive em uma sociedade coletivista e futurista, onde o “Grande Irmão” fornece poder a um partido totalitário, controlador e ditador. A história ocorre em um mundo fictício, dividido em 3 grandes nações (Oceânia, Eurásia e Letásia). Winston (personagem principal) trabalha no Ministério da Verdade, e ironicamente sua função é alterar documentos e fatos históricos para fornecer narrativas que sirvam de benefício para o partido.       Algumas caraterísticas dessa população é a baixíssima interação entre as pessoas, pouca comunicação e quase nada de vida comunitária. O silencio domina as pessoas, não por opção, mas porque o repertório critico e profundo, é claramente ausente nas pessoas. Há um baixíssimo interesse no que é real, e na verdade, é de se duvidar que elas ainda saibam...

Por que ler os clássicos?

Existem alguns livros que sobrepõe ao tempo, passando pelo crivo de diversos leitores e entusiastas, por diversas culturas, contextos e épocas. A relevância de um livro (além de outros aspectos) pode ser medida pela profundidade do tema e o quanto ela consegue descrever o caráter e a essência do homem, ou da sociedade, ou de um determinado comportamento e até mesmo de um fato e/ou evento. Neste aspecto, até me questiono, será que mudamos muito? Já que Shakespeare (que viveu entre o século 16 e 17) fala sobre temas que vivenciamos hoje, no século 21 (e que possivelmente se relaciona com temas de séculos anteriores). Concluo que o homem e a sociedade, por mais transformações que promova, carrega consigo dilemas atemporais. Segundo Calvino, os clássicos carregam uma característica em comum: quanto mais você os lê, mais fatos se revelam, continua ocorrendo na leitura o inesperado, inédito e o novo (essa é exatamente a sensação que você experimenta relendo Memórias do Subsolo). É este ponto...

Sísifo e a Repetição na Vida Moderna.

Imagina ser forçado a fazer um trabalho inútil e repetitivo, por toda eternidade? Realizar e se sentir incompleto, enxergar a rotina sem sentido algum? Rolar uma pedra pesadíssima montanha acima e, ao se aproximar do topo, vê-lá rolar novamente para a base. E agora? Resta repetir, repetir e repetir para sempre… esse é o castigo que Sísifo recebeu dos deuses, como consequências das suas travessuras.  Sísifo, na interpretação de Camus, é tocado pelo absurdo da vida. O que impressiona neste quadro? Sísifo não age passivamente. Ele encara sua luta árdua e busca o sentido naquilo que faz, por mais repetitivo que seja.  Esse é um dos desafios do homem moderno: encontrar o sentido em mundo que promove o vazio. Encontrar simbologia e significado em um ambiente que insiste em nos esvaziar de sentido. E neste ponto a mentalidade de Camus pode nos auxiliar, quando encaramos as atividades repetitivas (o absurdo da vida) como uma oportunidade para a criação, inovação, autonomia e busca de ...

Dostoiévski e a Culpa.

Pegando um gancho em ”Crime e Castigo” (livro do Dostoiévski) e refletindo sobre a culpa. Ela emerge da violação e da transgressão. Perceber que transpassou valores pessoais, morais ou éticos, faz brotar no indivíduo uma emoção complexa e multifacetada. A existência de um “ser ideal” promove a comparação que leva o sujeito a notar o abismo entre o que foi feito, e o que de fato “deveria” fazer. A partir dessa percepção, o sujeito se responsabiliza, e em sequência começa a experimentar: tristeza, vergonha, ansiedade, remorso, arrependimento, autocrítica e etc. A culpa pode ser importante para auxiliar o indivíduo a modificar condutas ruins através da reparação do erro. Mas, quando exarcebada, promove baixa autoestima, ansiedade, tristeza e muito mais. Assim como outras emoções, a culpa é inerente a nossa raça, por tanto é interessante buscar a compreensão sobre o evento que gerou a emoção (O que aconteceu? Como eu percebi esse fato que manifestou essa culpa?). Qual a percepção ...

Um Carta Sobre os Smartphones e as Telas.

    Encarar a fila da lotérica sem acessar o Instagram (por mais simples que isso seja) se tornou uma tarefa difícil. Não há espaço para o ócio e também não há tempo para o tédio, afinal, estamos completamente imersos nas redes sociais e famintos pelo uso do celular. Entre várias notificações, recomendações e o "bip" das mensagens, estamos nos tornando inteiramente escravos das telas e consequentemente ficando profundamente cansados. Se eu pudesse expressar toda essa nova cultura em um só termo eu a chamaria de "hiperconectividade".         Momentos mais naturais, verdadeiros e reais são interrompidos por movimentos automáticos de rolar a tela. O que está acontecendo? Por mais que tenhamos controle de várias ações no nosso dia-a-dia, não é racional desconsiderar todo o mecanismo pronto para nos manter presos nas redes. É até possível nos pensar como vitimas (risos)... é sério. A presença de cores (a tela colorida é mais sedutora), formatos, informações...

Psicologia: Os Impactos de Uma Vida Solitária.

     Quão sozinho você está? Quais os impactos da solidão na saúde? A solidão é a percepção de isolamento social. Ela é uma sensação subjetiva, portanto é experimentada por cada um à sua maneira; é um sentimento completamente individual. Por isso, é possível estar sozinho e sentir-se realizado e feliz, e em contrapartida estar acompanhado e sentir-se sozinho. Alguns fatores que contribuem para essa experiência são: não pertencimento aos espaços, desconexão dos vínculos, traumas, evitação social, dentre outros.        Por que devemos nos preocupar?  A solidão pode ser um fator de risco para a saúde tão forte quanto o tabagismo ou a obesidade. Vivek Murthy (Cirurgião Geral dos EUA), declarou que sentir-se solitário equivale a fumar 15 cigarros ao dia em termos de prejuízos à saúde. A solidão pode prejudicar a imunidade, facilitar o aumento de peso, doenças cardiovasculares, aumento da pressão arterial, afetar aspectos cognitivos, afetar o equilíbrio...

Em Sequência: Psicoterapia.

Definir  psicoterapia é uma atividade extremamente difícil e eu tenho por certo que nenhuma síntese será global ou plena. Quais motivos para todo esse entrave? Enxergo alguns elementos. O primeiro? A complexidade de teorias e técnicas. Em segundo, o infinito de contextos que apoiam os comportamentos da raça humana e que são o solo para a ação da psicoterapia. Logo, sabendo da complexidade do tema, almejo de maneira técnica mas ao mesmo tempo poética, colocar meu olhar e minha observação frente ao tema.          Não é uma atividade exclusiva do psicólogo (mas o psicólogo contém diretrizes e regras para exercer tal prática). Surge com o gesto do acolhimento; acolhe-se o humano, o ser. Dado o processo de acolhimento, é possível perceber como a psicoterapia torna-se uma ferramenta capaz de compreender as demandas trazidas pelo sujeito, e dentro desse universo de acolhimento e compreensão, a psicoterapia dirige-se à psique atravé...