Por que ler os clássicos?

Existem alguns livros que sobrepõe ao tempo, passando pelo crivo de diversos leitores e entusiastas, por diversas culturas, contextos e épocas. A relevância de um livro (além de outros aspectos) pode ser medida pela profundidade do tema e o quanto ela consegue descrever o caráter e a essência do homem, ou da sociedade, ou de um determinado comportamento e até mesmo de um fato e/ou evento. Neste aspecto, até me questiono, será que mudamos muito? Já que Shakespeare (que viveu entre o século 16 e 17) fala sobre temas que vivenciamos hoje, no século 21 (e que possivelmente se relaciona com temas de séculos anteriores). Concluo que o homem e a sociedade, por mais transformações que promova, carrega consigo dilemas atemporais. Segundo Calvino, os clássicos carregam uma característica em comum: quanto mais você os lê, mais fatos se revelam, continua ocorrendo na leitura o inesperado, inédito e o novo (essa é exatamente a sensação que você experimenta relendo Memórias do Subsolo). É este ponto que Calvino aponta como a cisão entre os clássicos e outras obras. Convencido? Saque esses livros: 

Sociedade do Cansaço: Quem disse que pra ser clássico precisa ser um livro antigo? Então... essa obra reflete aquela afirmação popular “esse já nasceu um clássico” (muito usada para discos e cds). Eu já indiquei esse livro em palestras, aulas, conversas informais, na rádio, até por mensagem através do e-mail. Chul Han reflete sobre o impacto de um sociedade que se comporta movido por uma força que produz cansaço, esgotamento e pressão. Han faz um paralelo com a sociedade disciplinar de Foucalt, alegando que na sociedade do cansaço, por explorarmos a si mesmo, as psicopatologias comuns são a depressão, ansiedade e o burnout. Leitura indispensável para sacar como funciona a sociedade contemporânea e observar a possível causa de tanto adoecimento e diagnósticos. 

Memórias do Subsolo: A primeira impressão a ler esse livro é: eu já fui esse cara em algum momento da minha vida, ou eu estou sendo nesse período. Dostoiévski tem uma capacidade incrível de descrever com profundidade a condição psicológica dos seus personagens. Nesse livro, ele divide em duas partes, a primeira é um apanhado filosófico que visa sustentar o comportamento do personagem da segunda parte do livro. SÓ POR SER DOSTOIÉVSKI VOCÊ TINHA QUE LER.

O Mercador de Veneza: É Shakespeare, você precisa de outro argumento? O livro trabalha conceitos como: preconceito, vingança, amor e justiça. É possível perceber o conflito no contato entre culturas diferentes. Hamlet e Macbeth também precisam ser lidos e são tão bons quanto.

Revolução dos Bichos: Lançando com o nome “Animal Farm”, Orwell apresenta uma fazenda que, através de uma organização por parte dos animais, que alegavam ser explorados, expulsam o dono da fazenda e estabelecem novos parâmetros de relacionamento. Através da trama, podemos perceber as vicissitudes dos seres humano, a ganância, o poder, e o comportamento de subalternidade. George critica a idealização fantasiosa de alguns sistemas políticos e algumas lideranças, que em nome da revolução, agiram como ditadores. Qual animal é o seu politico de estimação? 1984 também vale a leitura!

Memórias Póstumas: A obra é claramente uma critica a cultura da época. Depois de morrer, Brás resolve contar a sua historia. Entre insucessos e amores, a trama é fundamental. Machado é diferente. Expõe a hipocrisia da classe dominante. De maneira mais subjetiva, é possível pensar na vida, na morte como um estágio que ninguém escapa (nem os ricos) e como a vida é efêmera. 


LEIA! 

Cordialmente, Douglas Ramos. 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um Carta Sobre os Smartphones e as Telas.

Psicologia: Os Impactos de Uma Vida Solitária.

Ponto de Partida: Sobre o Psicólogo.